quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Figuras de Linguagem



Figuras de linguagem

São recursos usados pelos escritores e poetas, para tornarem mais expressivas suas mensagens. Subdividem-se em figuras de plavras, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som.

Figuras de palavras

Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de semelhança entre o sentido próprio e o sentido figurado.
“(..) os olhos teus são cais noturnos cheios de adeus” (Vinícius de Moraes)
O vento lambia meus cabelos.

Comparação: mesma metáfora, porém usando a palavra 'como'.
“Ele ficou como um touro em arena.
Metonímia: consiste em dar o significado usando outro termo, mas sempre há semelhança entre eles. “Nelson, nas horas de folga, lia Camões.” (obra pelo autor)
“ Traduziu Dante com a maior facilidade”.“Já naquele dia o trono estava abalado.” (sinal pelo significado).

Catacrese: consiste em tomar um termo por empréstimo, na falta de outro um melhor. O termo em uso é logo adotado pelos falantes como se fosse natural. “O pneu do seu carro está careca.”/ “ A cabeça do alfinete./ pneuzinhos da cintura.
Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão facilmente identificável. ”O poeta dos escravos era parnasiano?”

Sinestesia: Consiste em aparecer numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. A água que ouviste/ num soneto de Rilke (audição)os ínfimos rumores no capim/ o sabor do hortelã (essa alegria)(gosto)a boca fria da moça maruim (tato)na poça/ a hemorragia da manhã (visão)(..)(Ferreira Gullar)

Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. ( = Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. ( = As lâmpadas iluminam o mundo.)
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. ( = Não te afastes da religião.)
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. ( = Fumei um saboroso charuto.)
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. ( = Sócrates tomou veneno.)
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. ( = Moro no campo e como o alimento que produzo.)
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. ( = Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. ( = Os repórteres foram atrás dos jogadores.)
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. ( = Várias pessoas passavam apressadamente.)
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. ( = Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. ( = As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ( = Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. ( = Alguns astronautas foram à Lua.)
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. ( = A justiça ficará do teu lado.)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dissertação: temas polêmicos

Leiam, a seguir, ulguns textos dissertativos sobre temas polêmicos. Após a leitura, discuta com o professor um tema que gera controvérsias. Então, escreva sobre isso.

A pena de morte

O aumento assustador da violência tem trazido novamente à tona a discussão sobre a possibilidade da adoção da pena de morte em nosso país. Os defensores dessa idéia argumentam que ela intimidaria os criminosos perigosos, impedindo-os de cometer atrocidades, além de aliviar a superlotação dos presídios. Outros, porém, não admitem a idéia de um ser humano tirar a vida de um semelhante, ainda mais sob a égide da lei. Há ainda a ineficácia do nosso sistema judiciário, o que pode levar a decisões injustas, conduzindo inocentes à pena capital.
Vê-se, portanto, que o tema não é de fácil resolução. Somente a sociedade organizada e consciente do papel social do Estado poderá decidir sobre a melhor forma de se resolver problemas tão graves como o da violência em nosso país.


Assistencialismo

As medidas assistencialistas, como a doação de cestas básicas, lotes e outros, sempre remete a opiniões divergentes quanto ao papel no Estado nessas questões. Por um lado, os defensores dessas medidas defendem a necessidade de socorrer as famílias mais necessitadas, evitando a institucionalização da miséria e suas graves conseqüências econômicas e sociais, como a desnutrição, a precoce mortalidade e o abandono social. Uma criança não pode passar fome e uma família não deve embaixo de pontes. Por outro lado, há quem argumente que programas dessa ordem geram a acomodação por parte de pessoas que tudo esperam do Governo e nada fazem para melhorar suas vidas. Pra que trabalhar se o Governo dá o pão, o leite, o lote? A função do Estado é garantir emprego aos cidadãos e fazer com que, através do trabalho – que traz renda e dignifica o homem – possam manter suas famílias.

Eutanásia

O caso da italiana Eluana Englaro, morta em 9 de fevereiro de 2009, aos 38 anos, 17 dos quais passados em estado vegetativo, reacendeu em todo o mundo o debate sobre a eutanásia. A prática de provocar a morte de um paciente em estado grave cuja reabilitação é descartada pelos médicos é polêmica, mesmo quando é o próprio paciente quem a solicita.
No Brasil, como em quase todos os países, a prática é tida como crime. O princípio de que ninguém pode violar o direito à vida é o principal argumento de quem depõe contra a eutanásia. E é na igreja que encontramos as mais fortes vozes. Sendo a vida um dom divino, ninguém poderia decidir sobre ela, pois estaria contrariando a vontade de Deus.
Por outro lado, há os que defendem que, em casos em que a medicina diagnosticou como irreversível o estado vegetativo, seja possível interrromper a vida de um paciente. As principais alegações são que não há sentido em prolongar o sofrimento do paciente e de seus parentes. Além disso, o leito de um hospital, utilizado por um paciente desenganado, poderia estar sendo ocupado para atender a alguém que tem reais chances de sobrevivência.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Prosa Romântica

Leitores do século XIX

José de Alencar foi um dos mais importantes escritores brasileiros do século XIX. No texto apresentado a seguir, ele narra um episódio de sua infância.

(Uma noite em família)

Não havendo visitas de cerimônia, sentava-se minha boa mãe e sua irmã Dona Florinda com os amigos que apareciam, ao redor de uma mesa redonda de jacarandá, no centro da qual havia um candeeiro.
Minha mãe e minha tia se ocupavam com os trabalhos de costura, e as amigas para não ficarem ociosas as ajudavam. Dados os primeiros momentos à conversação, passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra.
Muita vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a contragosto de um sono começado ou de um folguedo querido; já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado.
Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu era obrigado à repetição. Compensavam esse excesso as pausas para dar lugar às expansões do auditório, o qual desfazia-se em recriminações contra algum mau personagem ou acompanhava de seus votos e simpatias o herói perseguido.
Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia com expressão uma das páginas mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os soluções que rompiam-lhes o seio.
Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas lágrimas, eu também, cerrando ao peito o livro aberto, disparei em pranto, e respondia com palavras de consolo às lamentações de minha mãe e suas amigas.
Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Reverendo P. Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar. Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se:
- Que aconteceu? Alguma desgraça? perguntou arrebatamente.
As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do P. Carlos o pranto, e evitar os seus remoques, não proferiram palavra. Tomei eu a mim responder:
- Foi o pai de Amanda que morreu! disse mostrando-lhe o livro aberto:
Compreendeu o P. Carlos e soltou uma gargalhada, como ele as sabia dar, verdadeira gargalhada homérica, que mais parecia uma salva de sinos a repicarem do que um riso humano.
“Como e por que sou romancista”, in Ficcção completa e outros escritos.

Como você deve ter percebido, o texto acima nos mostra que o romance romântico era um importante meio de diversão e cultura na época da infância de José de Alencar. Ele, depois, veio a se tornar o mais importante autor romântico do Brasil. Vamos acompanhar, a seguir, como surgiu essa moda no século XIX, e como ele se desenvolveu.


Surge o público leitor

O romance, que até antes do Romantismo não fazia parte da cultura brasileira, só começou a se desenvolver após a vinda da Corte para a cidade do Rio de Janeiro.
Com a urbanização da cidade, surgiu uma sociedade consumidora, formada por estudantes, profissionais liberais etc., que necessitava de alguma espécie de entretenimento. A princípio a importação e a tradução de romances europeus satisfaziam esse público.


Os folhetins

Os primeiros romances foram publicados em folhetins, seções publicadas nos jornais, que traziam capítulos de histórias de ficção com um desenrolar muito lento. Isso se dava porque, ao final de cada capítulo, o leitor ficava ansioso para saber a continuação da história.
Ao escrever um folhetim, o artista submetia-se às exigências do público leitor e dos diretores de jornais. O francês Eugène Sue chegou a ressuscitar um personagem porque os leitores não haviam se conformado com sua morte. Ou seja, o que determinava o desenvolvimento e o desfecho de uma narrativa era o gosto popular.


Literatura importada

A maior parte dos folhetins eram traduções de romances de origem inglesa, como as histórias medievais de Walter Scott, ou francesa, como as aventuras dos Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Emocionados, os brasileiros acompanhavam as distantes aventuras de um Ivanhoé ou de um D’Artagnan, transportando-se, em espírito, para os campos e reinos da Europa.


A cor local

No entanto, o processo de independência do país gerou, nesse leitor, uma espécie de espírito nacionalista, que exigia uma tonalidade tipicamente nacional para os enredos dos romances. Para atender essa necessidade os romances passaram a descrever os costumes da vida urbana e rural e contou histórias de heróis indígenas.
O público interessava-se, portanto, cada vez mais por um romance de aventuras românticas que apresentasse o cenário brasileiro. O grande sucesso de público de O Guarani (1857), de José de Alencar, em que as aventuras de Peri e sua amada Cecília se desenrolam em meio à exuberante natureza fluminense, estimula os escritores a se voltarem para a apresentação da ambientação tipicamente nacional em suas obras.

Diversão e Arte

O romance, nesse período, foi o gênero literário mais consumido pelo público. Eles tornaram-se verdadeiros sinônimos de diversão, pois permitiam ao leitor identificar-se com os personagens e viver uma realidade que a vida lhe negava. Dessa forma, o leitor tinha uma espécie de "compensação" das insatisfações e frustrações que a vida lhe causava.

A fórmula do sucesso

A fórmula para tanto sucesso talvez esteja na estrutura dos romances. A maioria das histórias girava em torno do amor, uma vez que o amor é considerado pela maioria das pessoas o maior sentido para a existência humana. Os personagens viviam em um mundo maniqueísta, ou seja, o bem só existe se estiver em confronto com o mal. Por isso, os personagens que amam são sempre belos, generosos e corajosos. Já os que não tem a capacidade de amar são feios e mesquinhos.

Novelas nasceram dos folhetins

As novelas de televisão de hoje possuem o mesmo esquema dos romances publicados em folhetim. Muitos truques narrativos usados naquela época para “segurar” o público leitor são utilizados hoje pelos autores de novelas de tv, como o suspense, o amor entre ricos e pobres, personagens misteriosos que complicam o enredo, traições, arrependimentos, acordos secretos e confissões proibidas.


O herói romântico

Os protagonistas dos romances geralmente amam e sofrem muito para poder superar todas as dificuldades que lhe são impostas para concretizar esse amor. Por isso, o herói do romance é sempre dotado de qualidades fantásticas. Nessa época havia uma super valorização da família que é percebida na clara defesa do casamento.

Personagens planas

As personagens dos romances românticos geralmente são planas, ou seja, possuem qualidades únicas que não se alteram com o enredo. O caráter e os valores morais dividem as personagens em mocinhos e bandidos, numa atitude maniqueísta. Os bons serão sempre bons e os maus, sempre maus. Costuma-se dizer ironicamente que tais personagens têm a profundidade de um pires.


Os valores da família

O ato sexual só poderia acontecer depois que o casamento estivesse sacramentado e até mesmo os heróis mais rebeldes tinham o objetivo de se casar e constituir família. Por isso, o romance termina sempre quando os personagens centrais se casam.

O primeiro romance brasileiro

O primeiro romance nacional foi "O Filho do Pescador", escrito por Teixeira e Souza em 1843. No entanto, a obra, não agradou ao público nem à crítica. Para a maioria dos críticos, não serve para definir as linhas que o romance nacional seguiria. Por isso, e pela aceitação que teve junto ao público leitor, cabe à obra "A Moreninha", do médico Joaquim Manuel de Macedo, lançada em 1844, a honra de ser o primeiro romance romântico oficial da literatura nacional.


Classificação dos romances

De acordo com a temática que abordam e os costumes que retratam, os romances românticos da literatura brasileira são agrupados em romances urbanos, indianistas, regionalistas e históricos.


Romance urbano

O romance urbano desenvolve temas ligados à vida social, principalmente da cidade do Rio de Janeiro. Retrata a burguesia da cidade e seus costumes, com histórias recheadas de amores platônicos e puros. São exemplos de obras deste tipo A Moreninha e O moço Loiro, de Joaquim Manuel de Macedo, Senhora e Lucíola, de José de Alencar, e Memórias de um sargento de milícias, de Antônio Manuel de Almeida.


Romance indianista

O romance indianista encontra na figura do índio brasileiro o herói romântico. Substituindo o cavaleiro medieval dos romances europeus, o índio é estilizado e, apesar de aparecer eu seu ambiente natural, com seus costumes, ele é filtrado pela ótica do escritor romântico.
José de Alencar é o autor que melhor tratamento deu a esse personagem nas obras Ubirajara, Iracema e O Guarani.


Romance regionalista

O romance regionalista mergulha no interior do país para buscar na figura do sertanejo o personagem principal. Na insistência nacionalista de buscar as raízes de nossa cultura, a figura do sertanejo, com suas crenças e tradições, fez-se tão exótica quanto à do índio. Obras desse gênero são O sertanejo, O gaúcho e O tronco do ipê, de José de Alencar, Inocência, de Visconde de Taunay, A escrava Isaura e O seminarista, de Bernardo Guimarães, e O cabeleira, de Franklin Távora.


Romance histórico

O romance histórico, através do qual os romancistas brasileiros buscaram em nossa história temas que alimentassem os anseios românticos, veio a acentuar ainda mais o nacionalismo exaltado que respirava a pátria desde a independência. Obras como As minas de prata e A Guerra dos Mascates, de José de Alencar, Lendas e romances e Histórias e tradições de Minas Gerais, de Bernardo Guimarães são exemplos.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Amar verbo intransitivo

Colegas,
Vocês que estão lendo o livro Amar verbo intransitivo não deixem de confrerir este divertido clip sobre Mário de Andrade e sua polêmica obra.
Veja mais coisas neste link:
http://www.livroclip.com.br



quarta-feira, 25 de março de 2009

Guerra de Canudos

Os Sertões, de Euclides da Cunha, é uma obra que transita entre a literatura e a sociologia. Ao fazer um relato documental da Guerra de Canudos, Euclides também analisa aspectos geofísicos do sertão baiano e desenvolve teorias sobre o sertanejo, fortemente influenciadas pelo Determinismo e Positivismo.


Veja alguns registros fotográfico daquele episódio: A cidade foi incendiada. Conta-se que mulheres carregando seus filhos lançavam-se nas casas em chamas.



Batalhão Patriótico Moreira César (conhecido por "corta-cabeças")


Ruína da Igraja Nova.


Vista geral de Canudos. A cidade foi completamente destruída após ser dominada.


Antônio Conselheiro morto, antes de arrancarem sua cabeça.


Cadáveres na ruínas de Belomonte.





Divisão Canet, em Monte Santo (base das operações)


1º Batalhão da Polícia Militar do Amazonas



38º Batalhão de Infantaria, no acampamento